América Latina

Manifesto #APalavraEmRisco: A Mãe Terra fala. Escutemos!

May 3, 2024 Compartir

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No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, compartilhamos esta mensagem coletiva para nos convidarmos a escutar melhor a Mãe Terra e a continuar protegendo aqueles de nós que cuidam dela e a narram.

Com a afirmação “sem as vozes das narradoras e dos narradores não existe história completa” e a pergunta, como protegemos #APalavraEmRisco?, a mídia independente Agenda Propia, conjuntamente com sua Red Tejiendo Historias, co-criaram o terceiro manifesto em defesa do cuidado aos jornalistas, comunicadores e comunicadoras interculturais que com os nossos relatos e reportagens fazemos visíveis as realidades dos povos, preservamos a biodiversidade e protegemos os legados e as memórias vivas dos territórios. 

Esta declaração começou a ser tecida por meio de diálogos e exercícios de escrita coletiva na cidade de Mocoa, região andino-amazônica colombiana, onde mais de uma centena de participantes –de regiões rurais e urbanas, e de comunidades camponesas e indígenas– do Festival Espiral de Historias contribuíram com suas vozes. Depois o processo chegou à Red Tejiendo Historias, composta por mais de 400 pessoas de 17 países da América Latina (Abya Yala), através do formulário digital e uma roda virtual da palavra. 

Esta iniciativa parte das experiências locais de jornalismo e de comunicação comunitária, reconhecendo as diversas origens de nossos povos, carrega uma mensagem de soluções, de cura e positivas, em meio a esta crise ambiental, nos apoiando em “todas as vozes que a gente é”. 

No Manifesto #APalavraEmRisco: A Mãe Terra fala. Escutemos!, declaramos que: 

Reconhecemosnossa Mãe Terra como um ser espiritual que nos conecta a partir do visível e o invisível. Dela nasce a água, que é a vida; o fogo, que é a força; o ar, que é o oxigênio. Se não escutarmos nossos mensageiros, a terra fala por si mesma. Temos que respeitar sua beleza, não modificar a ordem e o sistema natural”. 

Compreendemos que “o desafio do jornalismo colaborativo intercultural e da comunicação é despertar sentidos reais de pertença nas comunidades. Temos que sentir-pensar o que acontece ao nosso redor para conseguir expressá-lo”.

Trabalhamos coletivamente e com nossos saberes para “cuidar, proteger, salvaguardar, defender e manifestar a importância da vida e de todos os seres nos nossos territórios”. 

Criamos relações que permitem tecer vínculos e novas formas de comunicação onde umas e outros coincidimos por meio da palavra. Juntamos universos divergentes. 

Enquanto jornalistas, comunicadorxs e narradorxs interculturais, nos comprometemos com e recomendamos

  • Escutar mais e falar menos (Para sentir-pensar melhor o chamado da Mãe Terra). 
  • Reconhecer as diversidades e construir a partir das diferenças. 
  • Aprender e desaprender para narrar as realidades dos povos.
  • Continuar chegando nos territórios indígenas, quilombolas e camponeses para conhecer suas raízes.
  • Incluir narrativas e perspectivas que contribuam a curar a terra e seus ecossistemas. 
  • Levar em conta todas as vozes, percorrendo o caminho das sabedoras e dos sabedores.
  • Narrar, comunicar e dialogar em línguas próprias.
  • Insistir que o conhecimento dos povos originários é tão importante como o científico.
  • Co-criar a partir da espiritualidade e da terra.
  • Reflorestar o próprio coração e o das nossas famílias e comunidades. 
  • Recuperar e aplicar os saberes ancestrais. Colocar a oralidade e a palavra no centro. 
  • Ensinar para as gerações mais novas as narrativas interculturais e o jornalismo.
  • Apoiar a comunicação a partir dos nossos próprios territórios para que as vozes não sejam distorcidas nem silenciadas.
  • Falar com lideranças mulheres e homens, narradores e jornalistas indígenas e não indígenas que tema sido deslocados pela força. Escutar elas e eles no exílio. 
  • Aproveitar a tecnologia para preservar os saberes e conhecimentos. 
  • Continuar criando redes e fortalecer as que já existem para nos articularmos e trabalhar coletivamente.

3 de maio de 2024, América Latina.

Este Manifesto é publicado com o propósito de que seja escutado, acolhido e visibilizado na região por mais comunicadoras, jornalistas, narradores, meios, coletivos e diversas organizações. O jornalismo colaborativo intercultural comunica as mensagens dos territórios, fortalece as comunidades e dignifica o caminhar dos povos.

Nossos manifestos

No marco do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa em 2022 foi publicado o Manifesto #LaPalabraEnRiesgo: Voces del territorio por la vida”, e em 2023 “#LaPalabraEnRiesgo: Comunicamos para sanar la memoria”. Nos dois, a Red Tejiendo Historias expôs os desafios e riscos que ameaçam a vida da natureza e a de narradores e defensores. Nossas regiões encaram conflitos ambientais, o crime organizado, violações contra os direitos humanos, migrações e extrativismo, enquanto seus habitantes resistem e tecem narrativas transformadoras e de esperança. Por tanto, é urgente melhorar as condições de segurança e de harmonia física e espiritual para fazer um jornalismo colaborativo e intercultural melhor. 

Agradecemos a:

  • A Mãe Terra, os seres espirituais e as comunidades que nos permitem contá-las. 
  • As 200 pessoas que participaram no Festival Espiral de Historias realizado em Mocoa, Putumayo, Colômbia, nos dias 29 de fevereiro y 1 de março de 2024.
  • Jornalistas da Red Tejiendo Historias de México, Guatemala, Colômbia, Bolívia, Panamá, Venezuela, Chile, Argentina, Costa Rica e Brasil, que estiveram presentes na roda de palavra de co-criação e responderam ao formulário participativo.
  • As diversas mídias aliadas que se somam à divulgação do Manifesto 2024 #APalavraEmRisco: A Mãe Terra fala. Escutemos!
  • A equipe intercultural de Agenda Propia.

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