Ouça, a memória fala!
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Vozes da Amazônia - Ouça, a memória fala! É uma série de documentários sonoros com 11 podcasts que reúnem sentimentos, histórias, memórias vivas e realidades de povos indígenas e nações de cinco países da Bacia Amazônica: Equador, Brasil, Colômbia, Bolívia e Peru. A série foi produzida pela mídia independente Agenda Própria (Agenda Propia, em espanhol), em um processo de cocriação intercultural envolvendo jornalistas e comunicadores da Rede Tecendo Histórias (Red Tejiendo Histórias, em espanhol).
O que vamos escutar?
A série Vozes da Amazônia - Ouça, a memória fala! compartilha histórias, histórias, sentimentos e resistências de mulheres, homens, jovens e crianças dos povos indígenas Kichwa, Shuar, Ticuna, Cubeo, Tanimuka, Monkoxi, Amahuaca, Borari e Inga. A partir de sua própria voz, tornam visíveis as realidades e denunciam violações de seus direitos humanos, assim como todo tipo de agressões e extrações que destroem suas florestas, mananciais e conhecimentos, e fazem apelos urgentes pela preservação física e cultural de seus territórios. Seus testemunhos são também a força das culturas vivas que, com cantos, danças, tecidos e rituais fazem memória.
Veremos histórias como os Tanimuka, um povo indígena da Amazônia colombiana, para quem a dança e o canto estão relacionados à comunicação dos ciclos biológicos da selva e seus espíritos, para manter a harmonia no ecossistema.
Assim como expressões do clã Warí Hehenava, do povo Cubeo, nas selvas de Vaupés, Colômbia. Eles compartilham a cerimônia fúnebre realizada por Raúl Gómez, o último sabedor, para que antes de sua morte, os jovens possam receber, conhecer e viver essa experiência que só ele conhece.
Desta mesma etnia, que se deslocou pela Colômbia como resultado do conflito armado colombiano, também podemos ouvir vozes desde a capital Bogotá, sobre sua luta e sobrevivência na comunidade, por meio de suas canções e da dança do “carrizo” (do lado brasileiro da fronteira com a Colômbia, esse instrumento é chamado pelos indígenas de cariçu).
Na série de documentários também há histórias da nacionalidade Kichwa, no Equador, e do povo Ticuna ou Magüta, na tríplice fronteira entre Colômbia, Brasil e Peru, que narram a relação sagrada e cotidiana com a água e as atividades como a exploração do petróleo, o tráfico de drogas, o desmatamento, a poluição e outras práticas de extração de elementos da selva, que desequilibram a relação do ser humano com as águas.
Este especial sonoro traz ainda outros temas, como a preocupação e o esforço das comunidades Amahuaca, no Peru; Shuar, do Equador; e os Monkoxí, na Bolívia, para recuperar e manter o direito de mencionar a existência a partir de seus próprios sons, ou seja, de manter viva sua língua materna, apesar da estigmatização, do racismo e da rejeição aos indígenas que falam em sua própria língua .
Da mesma forma, saudamos as mulheres indígenas Borari, no Brasil, que são guardiãs de tradições e resistem, através da música, da cerâmica e da língua, aos conflitos territoriais e culturais causados pelo crescimento turístico de seu território, em Alter do Chão (Santarém, Pará) - uma região conhecida conhecida como o “Caribe Amazônico”. Por fim, compartilhamos as preocupações do povo Inga, de Putumayo, Colômbia, que expressa seus temores sobre o uso externo (fora do contexto indígena) que se está dando com o yagé ou ayahuasca, elementos de sua medicina tradicional.
Esse percurso pelas comunidades da Bacia Amazônica busca contribuir para a dignidade dos povos indígenas e tornar visíveis os desafios que enfrentam, como a violação de seus direitos, assim como visibilizar a diversidade que esses territórios, atualmente em risco, abrigam.
Guía editorial
Desde Agenda Propia acreditamos que esse tecido de histórias sonoras contribui para uma escuta urgente em meio à crise histórica e social que a Amazônia enfrenta e que, segundo a Coordenadoria das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA), é berço de mais de 500 povos e nacionalidades indígenas, incluindo mais de 60 povos que vivem em isolamento voluntário e que mantêm e vivem identidades, conhecimentos e costumes únicos para a humanidade, e que estão em risco.
Com o objetivo de contribuir para a visibilidade dessas realidades, no processo cocriativo de produção da série surgiram as seguintes recomendações:
- Destacar o som e a oralidade como um dos elementos fundamentais da tradição amazônica. Reconhecer os sons que nos acompanham e fazer memória daqueles que estão extintos.
- Valorizar a informação para além da qualidade técnica, devido aos desafios de conexão à internet e equipamentos que estão disponíveis nos territórios amazônicos.
- Aprofundar nos contextos históricos, sociais e geográficos dos povos para tornar visíveis as transformações, memórias e realidades destas regiões habitadas por diversos grupos com culturas vivas e próprias.
- Narrar sempre com respeito. Incluir as vozes de mulheres, crianças e adolescentes, bem como as histórias dos sabedores, idosos, avós e avós, médicos tradicionais e
- Garantir que as vozes principais nas histórias sejam dos próprios povos indígenas e evite que estranhos falem por eles. Sem deixar de lado que nas histórias também é importante gerar um equilíbrio nas informações, agregando outras fontes como especialistas, organizações comunitárias e ONGs, governo, academia, entre outras.
- Incentivr que mais comunicadores e jornalistas indígenas produzam histórias de suas comunidades com suas próprias narrativas. E reconhecer os processos de realização de conteúdos locais e comunitários. Neste ponto, destacamos a importância do trabalho online para que as informações locais da região amazônica ganhem escala no âmbito urbano, nos lugares onde se centralizam decisões, e encontrem espaço nas agendas jornalísticas.
-Gerar estratégias para nos aproximar da realidade da Bacia Amazônica, apesar dos desafios de narrar para diversos públicos em meio à multiplicidade de línguas, saberes e dificuldades técnicas.
-Ter apoio de comunicadores e jornalistas do território, indígenas e não indígenas, para que as histórias retornem às comunidades para que elas possam saber o que aconteceu com suas vozes, que história foi tecida, e que essas pessoas sejam ouvidas nos meios de comunicação como vozes ativas protagonistas.
- Continuar fortalecendo o jornalismo colaborativo intercultural, especialmente quando essas questões não alcançam as agendas jornalísticas convencionais.
Agradecimentos:
Agradecemos à Bacia Amazônica por nos permitir narrá-la, aos mais velhos, mais velhos, meninos, meninas e jovens indígenas que contribuíram com suas vozes e histórias de vida para esta série de sons. Aos comunicadores e jornalistas da Rede Tecendo Histórias (Red Tejiendo Histórias, em espanhol), que concordaram em cocriar com a Agenda Propia; ao departamento de Parques Nacionais Naturais pelo apoio ao transporte da participante Omaira Tanimuka em Wakaya, Amazonas (Colômbia).
Agradecemos também a Gabriel Muyuy Jakanamijoy por sua assessoria e mentoria editorial. A Diana Gómez e Gineth Pulido pelo apoio na tradução simultânea do espanhol para o português nos círculos da palavra, à equipe da Agenda Propia e às mídias aliada por acreditar neste processo de tecer Agenda Propia e expandir, para o mundo, a série Vozes da Amazônia - Ouça, a memória fala!
Agradecimentos também, aos mais de 20 anos de comunicação aliada e iniciativas conjuntas do dia-a-dia, que se juntarão à fase de publicação.
Periodistas y reportería gráfica
Malkya Tudela Canavari
Óscar Felipe Téllez Dulcey
Chinki Edy Nawech Jimpikit
Andrés Tapia
Cindy Amalec Laulate Castillo
Carlos E. Flores
Omaira Tanimuka
Emerson Castro
Daniela Alejandra Vaquero
Judit Alonso
Julia Dolce
Mentoría editorial
Priscila Hernández Flores
Gilberto Gabriel Domínguez Márquez
Karla Suchit Chávez Salguero
Vanessa Teteye
Coordinación editorial y comunicaciones
Edilma Prada Céspedes
Daniela Bolaños
Cocreación sonora
Juan Carlos Granada Idrobo
Diseño, gráficos y desarrollo web
Giovanni Salazar
Cristhian Sánchez
Revisión de estilo
Sania Salazar
Traducción
Debora Menezes
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